quarta-feira, 28 de abril de 2010

ONDE ESTÁ O AMOR?





Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos.1 João 3:16




O amor é descrito nos livros, proclamado nas poesias, cantado na música, filmado no cinema. O amor é o fenômeno psicológico mais procurado da história, mas é o menos compreendido.
Reis procuram o amor no poder, mas súditos morrem de angústia. Famosos o buscam nos aplausos, mas muitos morrem solitários. Ricos tentam comprá-lo com sua fortuna, pois o dinheiro compra o mundo, mas não o sentido de vida. Poetas procuram encontrá-lo nas letras, mas muitos se despedem da vida sem poesia. Cientistas o colocam na prancheta das suas idéias, mas nunca conseguem entendê-lo.
Para muitos, o amor não passa de uma miragem no árido solo de suas emoções. Eles o procuram de forma errada e nos lugares errados. Acham que ele se esconde nas grandes coisas, mas ele sempre está presente nas coisas simples, diminutas, quase imperceptíveis. Ele sempre está presente nos sorrisos das crianças, nos beijos das mães, nos consolos dos amigos, nas dádivas do Criador.
Onde está o amor singelo, ingênuo, arrebatador que resgata o sentido da vida e nos faz sorrir, mesmo quando temos motivos para chorar? Onde está o amor que nos faz acordar pela manhã e dizer que a vida é maravilhosa, apesar de todos os seus problemas? Onde está o amor que nos faz ter esperança em alguém, mesmo quando sofremos decepções? Onde está o amor que transforma o trabalho num oásis, mesmo sob o calor da competição e das relações tensas? Onde está o amor que nos faz ver que a vida é uma janela para a eternidade, mesmo quando estamos chorando copiosamente pela perda das pessoas que amamos?
O clima social da época de Jesus era o menos recomendado para se falar de amor. A miséria física e emocional, as pressões políticas e a discriminação floresciam na alma dos judeus. Havia espaço apenas para falar do ódio e da revolta contra o império romano. Falar do amor era um escândalo. Nesse clima Jesus criou uma esfera de amor quase surreal. Homens distintos que continham ambições, reações e personalidades distintas começaram a recitar poesias de amor.
O amor entre eles transcendia a sexualidade, os interesses próprios e a troca de favores. Os pobres tornaram-se ricos, os desprezados ganharam status de seres humanos, os deprimidos encontraram alegria e os ansiosos beberam da fonte da tranqüilidade. Jesus não deixou nenhuma marca, senha ou dogma religioso para identificar seus discípulos, somente o amor: "Nisto conhecereis que vós sois meus discípulos, se amardes uns aos outros". O verdadeiro discípulo não era o que errava menos, o mais ético ou mais puro, mas aquele que amava.
Uma pessoa podia fazer orações o dia inteiro, elogiá-lo e ser um pregador das suas palavras, mas, se não tivesse o amor, não era um discípulo, mas apenas um mero admirador. Jesus sabia que o amor e somente ele era o único fenômeno capaz de aproximar os homens de cultura, religião, personalidade, pontos de vista, raça e nacionalidade distintos.

O amor destrói o individualismo, mas não a individualidade
Por aprender a linguagem do amor, os discípulos perderam paulatinamente o individualismo, mas não a individualidade. Eles mantinham a sua identidade, as suas características particulares, preferências, gostos, reações. Seus discípulos continuavam com personalidades diferentes umas das outras. Mas qual personalidade era a preferida de Jesus? A sensível como a de João, a determinada como a de Pedro ou a perspicaz como a de Paulo?
Ele não demonstrou preferência particular. O mestre inesquecível respeitava e apreciava as diferenças. Ele apenas se interessava se o amor irrigava ou não a personalidade deles. O amor corrige rotas, apazigua a emoção, traz lucidez ao pensamento, rompe a estrutura do egoísmo. O amor nos faz iguais mesmo sendo diferentes.
O cristianismo está dividido em milhares de religiões. Cada um segue a sua religião de acordo com sua consciência, mas é raro perceber um amor ardente entre cristãos de religiões distintas. É raro encontrar abraços, jantares ou orações mútuas com quem não se reúne no mesmo lugar nem compactua com as mesmas idéias. Jesus jantava na casa de um fariseu e de um coletor de impostos. Ele valorizava os éticos e dava especial atenção aos imorais. Ele amava pessoas tão diferentes!
Onde está o amor nos dias atuais? As pessoas podem estar divididas em distintas religiões, mas é inaceitável que o amor esteja dividido, pois se o estiver ele se dissolve no calor das nossas diferenças. Quem não ama não tem sonhos, não se coloca no lugar dos outros, não sabe compreendê-los.
Muitos cristãos e membros de outras religiões rotulam aqueles que têm transtornos emocionais como fracos. Ao invés de amá-los e compreendê-los, eles julgam e condenam. Cometem uma injustiça que só quem não ama é capaz de cometer. Eles não sabem que, na realidade, muitos pacientes deprimidos e portadores de outros transtornos psíquicos são as melhores pessoas da sociedade, ótimas para os outros, mas péssimas para si mesmas, pois não têm proteção emocional. Todavia, o medo da crítica e do preconceito os faz calar sobre sua dor.
O mestre do amor foi completamente contra esse tipo de preconceito. Na noite em que foi traído, ele deixou o modelo psicoterapêutico. Atingiu o topo da saúde psíquica, mas, quando precisou chorar, derramou lágrimas sem medo e falou sobre sua dor sem dissimulação. Ao permitir corajosamente que seus discípulos observassem a sua dramática angústia e estresse, ele desejava que não apenas entendessem a dimensão do seu sacrifício, mas que pudessem amar, compreender e dialogar com os feridos de alma.
Todavia, onde está a poesia de amor proclamada por Paulo que alivia os que são abatidos pela depressão e ansiedade? Onde estão os beijos de amor discursados por Pedro que aliviam os que estão frustrados e desesperados? Onde está a saudação calorosa empenhada por João, que exalta a todos, nome por nome, como amigos e que é capaz de fazer com que os aflitos se sintam amados e queridos? Falar de Jesus Cristo sem amor é falar de um banquete sem alimento.
Hoje é fácil para as pessoas dizerem que são cristãs, mais de dois bilhões de pessoas o dizem ser. Dizê-lo dá até status social, pois o mundo se dobra aos pés dele. Mesmo os membros das religiões não cristãs o supervalorizam. Todavia, quando o status está em primeiro lugar, o amor pode estar em último.
O islamismo é uma religião que têm tradições cristãs e judaicas. Todavia, a maioria dos islamitas desconhece que Maomé exalta em prosa e verso a Jesus no Alcorão. Maomé, mostrando um respeito deslumbrante, chama Jesus de Sua Dignidade no livro sagrado dos mulçumanos. Entretanto, onde está o amor de Jesus entre os radicais do islamismo?
Os islamitas deveriam mostrar aos judeus que não crêem em Jesus que eles sabem falar a linguagem do amor. Entretanto, os ataques terroristas que destroem vidas escrevem uma carta de ódio e não de amor. É raríssimo vermos cristãos amarem mulçumanos e mulçumanos amarem cristãos e judeus. O ódio e as mágoas têm prevalecido. O amor tem sido um delírio.

Não coloque condições para amar
Precisamos nos apaixonar pela espécie humana, como o mestre da vida. Devemos ficar fascinados com as reações de um mendigo, com as alucinações de um paciente psicótico, com as peraltices de uma criança, com as reflexões dos idosos. Cada ser humano é uma caixa de segredos. Cada ser humano merece o Oscar e o Prêmio Nobel pela vida misteriosa que pulsa dentro de si.
Ao analisar a sua personalidade, percebi que a unanimidade é burra. O belo é amar as diferenças, é não exigir que os outros sejam iguais a nós para que possamos amá-los. Jesus foi afetivo com Judas no ato da traição e acolheu Pedro no ato da negação. Ele os amou apesar das suas diferenças. Se ele amou pessoas que o decepcionaram tanto, quem somos nós para colocarmos condições para amar?
Nunca amei tanto pessoas tão diferentes de mim! Pessoas que possuem pontos de vista diferentes do meu, que têm práticas das quais eu não participo. Você pode discordar daquilo em que as pessoas crêem, mas, se não tiver amor por elas, sua lógica, inteligência, verdades, pontos de vista serão, como Paulo disse, simplesmente nada.
Se Jesus perdoou seus carrascos quando todas as suas células morriam, quem somos nós para exigir, era nosso conforto egoísta, que as pessoas errantes ou que pensam diferente de nós mudem para que possamos amá-las? Não apenas os cristãos deveriam amar outros cristãos de religiões distintas, mas, se realmente viverem o que Jesus viveu, amarão com intensidade os budistas, islamitas, brahmanistas, inclusive os ateus.
O modelo do mestre da vida é eloqüente. Ele amava tanto as pessoas que jamais as pressionava a segui-lo. Ele não impunha suas idéias, mas apresentava-as com clareza e encanto e deixava as pessoas decidirem seu caminho. Naqueles ares, ouvia-se um belo convite e não uma ordem: "Quem quiser vir após mim, siga-me...; Quem tem sede venha a mim e beba...; Quem de mim se alimenta, jamais terá fome..." O amor respeita o livre arbítrio, a livre decisão.
Os que impõem condições para amar terão sempre um amor frágil. Nossa espécie viveu o flagelo das guerras e da escravidão porque ela ouviu falar do amor, mas pouco o conheceu. A única razão para amar é o amor.
Os pais que exigem que seus filhos mudem de atitude para elogiá-los, abraçá-los e ser afetivos com eles dificilmente os conquistarão. Os professores que exigem que seus alunos sejam serenos e tranqüilos para educá-los não os prepararão para a vida. Os que exigem das pessoas próximas que deixem de ser complicadas, tímidas e individualistas para envolvê-las e ajudá-las não contribuirão com suas vidas. O mundo está cheio de pessoas críticas, as sociedades precisam de pessoas que amem.
O amor vem primeiro; depois, os resultados espontâneos. Exigimos muito porque amamos pouco. Jesus não impediu que Pedro o negasse e que Judas o traísse. Ele, através de sua inteligência fenomenal, podia colocá-los contra a parede, pressioná-los, criticá-los, constrangê-los, mas não o fez. Deu plena liberdade para eles o deixarem. Jamais o amor foi tão sublime.A abundância do amor transforma os anônimos, os paupérrimos e os iletrados em príncipes e a escassez do amor torna os reis, os ricos e os intelectuais em miseráveis. O amor compreende, perdoa, liberta, tolera, encoraja, anima, incentiva, espera, acredita. O amor é o fenômeno mais ilógico e mais lúcido da existência psíquica... ( Extraído do livro: O Mestre Inesquecível, de Augusto Cury)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O MENSAGEIRO DA CRUZ





Ultimamente muitas pessoas parecem estar cansadas de ouvir a palavra da cruz. Entretanto, agradecemos e louvamos a Deus Pai por Ele ter reservado para Seu próprio nome muitos fiéis que não dobraram os joelhos a Baal. Todavia, sinto que há algo que os fiéis servos de Cristo devem conhecer. Por que, após haverem labutado tanto na pregação a respeito da cruz, os resultados têm sido tão desencorajadores e as pessoas não têm tido muita mudança em sua vida após ouvir a verdadeira Palavra de Deus? Penso que esse problema é digno da nossa maior atenção. Nós, que laboramos pelo Senhor devemos entender por que os outros não são subjugados pelo evangelho que pregamos. Espero que possamos orar calmamente diante do Senhor e pedir que o Espírito de Deus ilumine nosso coração a fim de sabermos onde se encontra nossa falha.
No tempo presente, deveríamos atentar à palavra que pregamos. Não precisamos mencionar os que pregam o falso evangelho. A crença deles de qualquer forma está errada. O que pregamos é a crucificação do Senhor Jesus Cristo e como ela salva os pecadores da condenação do pecado e do poder do pecado. Ao pregar, damos muita atenção ao esboço, à lógica e ao pensamento. Fazemos o melhor que podemos para tornar nosso falar claro. Dessa forma, mesmo a pessoa mais iletrada pode entender. Também damos atenção à psique do homem e empenhamo-nos o máximo em nossa eloqüência para corresponder ela. O que pregamos é verdadeiro e bíblico: o nosso tema é a cruz do Senhor Jesus. Sabemos que o Senhor Jesus morreu pelos pecadores na cruz para que todo o que Nele crê seja salvo à parte de qualquer obra. Também sabemos que a crucificação do Senhor Jesus não visa somente a substituição, mas também a crucificação do pecador e juntamente com ele seu pecado. Conhecemos a maneira de ser salvos. Sabemos como morrer com o Senhor, como aplicar a morte do Senhor pela fé e como morrer com Ele a fim de lidar com o pecado e o ego. Também temos clareza acerca de outras doutrinas afins na Bíblia. A nossa pregação é apresentada de maneira exata e clara para que qualquer dos ouvintes possa compreendê-la. Os ouvintes prestam muita atenção a nós quando pregamos a cruz do Senhor; eles gostam dela e são tocados por ela. Podemos mesmo ser dotados de eloqüência e ser aptos a apresentar a verdade de modo persuasivo. Podemos pensar que nossa obra é muito eficaz! Sob tais circunstâncias, deveríamos ver muitas pessoas recebendo vida e muitos crentes ganhando a mais abundante vida. Entretanto, os resultados são contrários ao que esperamos. Embora os ouvintes sejam tocados no local de reunião, eles não ganham qualquer coisa que esperávamos vê-los ganhar após deixar o local de reunião, muito embora as palavras ainda estejam frescas na mente deles. Eles não têm qualquer mudança em sua vida. Entendem o que pregamos, mas isso não tem qualquer influência em seu viver diário. Apenas armazenam no cérebro a palavra pregada. Eles não a aplicam no coração.
Uma possível explicação para isso é que o que você possui é apenas eloqüência, palavras e sabedoria. É como se atrás de suas palavras não houvesse o poder que toca o coração das pessoas. Você tem as melhores palavras e a melhor voz, contudo atrás das palavras e da voz você não tem o tipo de poder que "controla" a vida das pessoas. Em outras palavras, você pode fazer com que as pessoas ouçam-no atentamente no local de reunião, mas o Espírito Santo não coopera com você. Portanto, seu labor é ineficiente e não produz resultados duradouros. Suas palavras não conseguem deixar marca duradoura na vida das pessoas. Apesar de da sua boca fluírem palavras, de seu espírito não flui vida para alimentar, levantar e vivificar os ouvintes que perecem.
Nos últimos anos, o Senhor tem-me dito para ser cuidadoso quanto a esse tipo de pregação. Não almejamos ser oradores populares (nosso Senhor é doador de vida). Nós almejamos ser canais de vida, conduzindo-a para dentro do coração das pessoas. Ao pregar a cruz, deveríamos ter a vida da cruz fluindo para a vida de outros. A coisa mais lamentável a meu ver é que, embora muitos preguem a cruz hoje, as pessoas não têm ganhado a vida de Deus. Elas parecem concordar com nossas palavras e recebem-na alegremente; contudo, não têm recebido a vida de Deus. Muitas vezes, enquanto pregamos a morte substitutiva da cruz, os homens parecem entender o significado e o porquê da substituição, e ser tocados no momento. Entretanto, não podemos ver a graça de Deus operando nos ouvintes a ponto de, verdadeiramente, obterem a vida regenerada. Pregamos também a co-crucificação e a explicamos de maneira bem clara e comovente. No momento em que as pessoas ouvem, podem orar e decidir-se a morrer juntamente com o Senhor e a ganhar as experiências de vencer o pecado e o ego. Mas após tudo haver terminado, não as vemos ganhar a mais abundante vida de Deus. Tais resultados entristecem-me muito. Isso faz com que me humilhe diante do Senhor a fim de buscar a Sua luz. Se tiver a mesma experiência que eu, espero que você se contriste diante do Senhor como eu e arrependamo-nos das nossas faltas. O que nos falta de fato no momento são homens e mulheres que preguem a cruz, contudo o que mais necessitamos além disso são pregadores que preguem a cruz no poder do Espírito Santo.
Leiamos agora a Palavra de Deus. Paulo disse: "Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder" (1 Co 2:1-4). Nesses versículos vemos três coisas: 1) a mensagem que Paulo pregou; 2) a pessoa do próprio Paulo, e 3) a maneira com que Paulo pregou sua mensagem.

A MENSAGEM PREGADA POR PAULO

A mensagem que Paulo pregou foi o Senhor Jesus Cristo, e este crucificado. O assunto da sua pregação foi a cruz de Cristo e o Cristo crucificado. Ele nada sabia exceto isso. Se esquecermos da cruz e não fizermos dela e de Cristo nosso único assunto, quanto nós e nossos ouvintes iremos perder! Creio que certamente não somos dos que não pregam a cruz.
A nossa mensagem e assunto podem ser bons.
Todavia, não temos a experiência de ter uma mensagem boa e, ainda assim, ser incapazes de dispensar vida a outros? Deixe-me ressaltar que uma vez que a mensagem que pregamos é importante, se ela não pode dar vida a outros, a nossa obra é quase totalmente vã. Deveríamos lembrar que o objetivo da nossa obra é dar vida às pessoas. Pregamos a morte substitutiva da cruz para que Deus dê a Sua vida aos que crêem. Se as pessoas são incitadas ou estimuladas ou até se arrependem e concordam com o que pregamos, mas não têm a vida de Deus nelas, de que adiantará isso? Elas podem mostrar-se simpáticas exteriormente, mas não são salvas. Portanto, a nossa meta não é fazer as pessoas se arrependerem por si mesmas nem influenciá-las em sua mente, mas dispensar a vida de Deus a elas para que tenham vida e sejam salvas. Até mesmo ao pregar as verdades mais profundas ou tentar ajudar outros a compreender a verdade sobre a co-crucificação, o mesmo princípio permanece verdadeiro. É fácil fazer com que as pessoas saibam e entendam o que pregamos. Também não é difícil fazer com que outros aceitem nossos ensinamentos em sua mente. Qualquer cristão com um pouco de conhecimento pode entender se você lhe explicar os assuntos de modo suficientemente claro. Entretanto, se desejar que ele ganhe vida e poder e que experimente o que você prega, não existe outro caminho a não ser o de Deus dispensar a mais rica vida a ele, por seu intermédio. Deveríamos saber que nossa única obra é ser canais da vida de Deus, comunicando vida ao espírito dos outros. Portanto, mesmo que o assunto ou a mensagem que pregamos sejam bons, ainda necessitamos descobrir se somos ou não canais adequados para Deus transmitir vida ao interior das pessoas.

O PRÓPRIO PAULO

A mensagem pregada por Paulo era a cruz do Senhor Jesus Cristo. A sua mensagem não era em vão, pois ele era um vivo canal de vida. Ele gerou muitos por meio do evangelho da cruz. O que ele pregava era a palavra da cruz. Sobre ele mesmo, disse que estava "em fraqueza, temor e grande tremor". Ele era um homem crucificado! Somente um homem crucificado pode pregar a palavra crucificada. Ele não tinha confiança em si próprio e não confiava em si mesmo. Fraqueza, temor, tremor, ser esvaziado da autoconfiança, considerar-se totalmente inútil: essas são as características de um homem crucificado. Ele disse: "Estou crucificado com Cristo" (Gl 2:19b) e "Dia após dia, morro!" (1 Co 15:31). Somente um Paulo morto poderia pregar uma palavra sobre crucificação. Se não houvesse morrido de modo real, a vida da morte do Senhor não poderia ter fluído dele. É fácil pregar a cruz, mas não é fácil pregá-la como um homem crucificado. A não ser que alguém seja uma pessoa crucificada, ele não pode pregar a palavra da cruz e não pode dar a outros a vida da cruz. Rigorosamente falando, a não ser que alguém conheça a cruz, na experiência, ele não é digno de pregar a cruz...

Escrito pelo irmão Watchman Nee em Kulongsu, Amoi, em 15 de janeiro de 1926.)